sábado, 10 de novembro de 2012

Meu amor, tudo vai dar certo. Fica calma, tranqüila, vai passar rápido. Leva uns livros, uns filmes. Pode levar o computador? Se puder leva, acho que vai te distrair. Ah, e qualquer coisa liga vai ter telefone no quarto, pode me ligar a hora que quiser. Mesmo de madrugada, você sabe que vou estar acordado. Ah, e nem pense em recusar o dormonid ou lexotan, ou qual bola for. Da outra vez, você trouxe tudo para casa, e sobrou pra mim. Bobagem. Tome tudo que tem direito. Passe os três dias dormindo, descanse, tente relaxar e quando acordar, já vai ter acabado. Faz isso amor. Eu vou estar te esperando e torcendo para que você sinta-se bem. Logo que sair vamos comemorar o final do tratamento. Jantar, viajar, sei lá. Fazer alguma coisa que você tenha vontade. Podemos ir pro Rio ou Barra Grande. Vou já me organizar para tirar uns dias. Podemos jantar naquele restaurante que você gosta. Aquele do peixe com pirão. Voce deve estar morrendo de vontade de comer peixe, não é? Vou te levar lá. Talvez eu já faça a reserva. Escuta, não me olha assim. Parece que vai chorar. Se eu pudesse estaria no seu lugar. Sou mais frio, racional. Ia lá, dormia e acordava curado. É nisso que você tem que pensar. Pensamento positivo meu bem. Você é jovem, saudável, bonita e inteligente. Não vai se abater, não. A medicina esta muito avançada e, tireóide, você sabe, dos males o menor. O tratamento é simples. Não cai cabelo, não provoca enjôo e você não vai sentir-se mal. Só um pouco de cansaço. E medo, claro, é super normal. Não fica pensando na razão, não tem um porque. Não tem explicação. Doença não se explica. Não foi nada do que você fez ou deixou de fazer. Não foi nada que você tomou. Não foi sua adolescência rebelde, nem sua juventude transviada. Não tem a ver com alimentação, nem com sexo. Talvez com genética, mas isso, agora, não interessa. Vou estar do seu lado, amor. Sempre. Mesmo que você ache que não, estarei lá. Mesmo que você não queira, que me rejeite, mande embora, me faça dormir no sofá, mesmo assim, amor, vou estar sempre por perto. Rondando. A espreita. Você ainda tem muita vida pela frente. Quero estar do seu lado no dia que você virar avó. Cá entre nós, sei que você não vê a hora, apesar de agora tudo parecer cedo e nebuloso. Vai tranqüila amor, vou estar aqui te esperando. Suga com força, com coragem, fecha o olho e pensa em mim que eu estarei, sempre, pensando em você.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Trato

Vivo sob controle. A cada 3 meses tiram meu sangue e invadem meu pescoço. Vivo sob tensão. Como manter meu sistema imunológico preservado e feliz para combater qualquer sinal de malignidade que possa estar se desenvolvendo? Aonde vou buscar essa resposta? O médico me olha assustado quando faço a pergunta. Outros me dizem que é na fé. Eu acho que é em mim que está a resposta. Mas, só descobri isso hoje. A diferença é que, agora, tenho consciência. Sei da importância de ter todas minhas defesas atentas, antenadas, em ordem, prontas para o pior combate. A regra é simples, não tem segredo: é só conversar.
Sim, conversar. Conversar com o próprio sistema de defesa. Dar atenção, carinho, proteção. Incentivo. Como um amigo, um filho, um amor. Alguém que voce quer muito bem, já que, afinal, esse alguém é você. A conversa começa baixinho e vai aumentando conforme o dia e o animo. Chamo pra perto, digo que quero falar e espero que me ouça. Digo com atenção. Olha, fica atento. Não de disperse com outras coisas. Você não pode perder tempo com outras distrações. Eu sei que tenho de colaborar com você, para você colaborar comigo. Claro que sei. Aprendi isso. Pode deixar que vou deixar voce ficar concentrado no combate. O resto deixa comigo. Aprendi que tenho de deixar você combater e tenho que confiar, e sei que preciso te deixar focado nisso. Essa é a estratégia, tá? Eu não vou te incomodar com dores básicas de garganta, viroses, ou fatos que antes eram corriqueiros do dia a dia. Vou tentar pelo menos. Não vou correr tanto tão alucinada como antes. Trabalhando que nem doida, nem vou deixar que qualquer infecção oportunista desvie sua atenção. Vou me cuidar, prometo. Tenho tomando bastante vitamina C, Geléia Real e todos os chás e alimentos que te ajudem nessa luta. Tenho andado bastante, tomado sol e feito as coisas que me fazem bem: massagem, relaxamento, meditação, pilates. E claro, também tenho feito muito amor. Que é sempre bom para tudo não é mesmo??? Faz um bem enorme, eu sei. Tenho também procurado ficar mais tranqüila, mais atenta. Não ando me desgastando com besteira nem com discussão tola. Tenho feito minha parte sim. To também me cuidando daquele outro jeito. Aquele que é o mais complicado e mais difícil de ficar atento. Eu sei que eu andava distraída, deixava qualquer um ir entrando e fazendo sua festa particular, as vezes, sem eu mesma perceber. Mas hoje não. Tenho me esforçado ao máximo. As vezes, escapa, mas eu logo volto a mim. A você. Que hoje é tão importante e fundamental na minha vida. Sei que quando estamos bem e sem controle, a gente não se liga. Não liga pra você. Mas agora é diferente. Pode contar comigo. Conta comigo que eu conto com você. Tenho certeza que depende de nós. Se eu não te deixar na mão, você também não vai me deixar, não é?? Então vamos lá. Ambos se cuidando. Como num caso de amor. Meu contigo. Eu cuido de voce e voce cuida de mim. Para sempre. Esse é o trato.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Temos todas algo em comum

Somos mais de 50 na mesma sala. A maioria são americanas, vindas de todos os cantos do país. Sou a única estrangeira que atravessou o continente para estar aqui. Olhares cruzados, cabeças baixas, pescoços cortados. Todas temos uma, ou mais, cicatrizes no pescoço. Todas estamos ali, com o mesmo objetivo. Querer saber mais. Entender o que se passa, o que passou e o que ainda está por vir. Algumas foram operadas há mais de 15 anos. Estão livres da manutenção trimestral. Hoje, são voluntarias. Contam sua história, seu sofrimento e, por fim, sua vitória. São exemplo. As estatísticas são animadoras, demonstram que a sobrevida é alta. Somos a prova viva dos números. Interessados pela própria doença. Educados para entender e poder reagir, discutir, opinar e saber perguntar. As voluntarias são as mais animadas. Tentam passar esse animo para nos. Não é sempre que conseguem. Muitas estão visivelmente cansadas. A queixa mais comum é essa. Falta energia para continuar. Não somos mais as mesmas de antes. São varias que dormem, quase despencam de si. Outras tentam manter a atenção, mas volta e meia piscam e se deixam levar. Outras, já com a dose certa, permanecem atentas, quase de guarda, anotando tudo o que ouvem. Algumas usam lenços no pescoço, são as recém operadas. Outras, fazem questão de deixar o pescoço bem à mostra e, como eu, se orgulham da cicatriz. Algumas ainda estão com curativo. Outras são imperceptíveis. Temos todas as idades. Entre 10 e 70. Existem alguns homens. Poucos, mas presentes. Alguns casais. Isso me chamou atenção. Como se conheceram? No hospital, na mesa de cirurgia, na sala compartilhada do iodo ou no consultório do cirurgião? Não me atrevo a perguntar. Talvez um dia, quem sabe. O crachá identifica o tipo. M para Medular, P papilifero, A anaplástico, F folicular. A maioria é P. É o mais comum, como o meu. As perguntas são muitas quando o palestrante é medico. Alguns, tem fila para atender. Ou melhor, consultar. Não é raro vê-los apalpando pescoços, em pleno lobby do hotel. Outros olham exames, discutem os números do TSH de igual para igual. Medico e paciente. Essa é a grande vantagem de entender sua própria doença. Quanto melhor informado o paciente estiver, mais saberá questionar o seu médico sobre os procedimentos adotados. A pergunta freqüente é como vai sua tireoglobulina. Indetectavel? Ótimo. Mais três meses de sossego até o próximo ultrassom. E qual é a sua dose atual? Estabilizei no 150 e voce? Ainda não cheguei no ideal. Algumas usam pulseirinhas azuis de 5 dólares. Dizem que turquesa dá sorte. Outras carregam um amuleto. As mais ousadas e criativas tem borboletas tatuadas pelo corpo. Outras, como eu, usam acessórios de borboletas: brincos, camisetas, colares. Borboleta está na moda por aqui. Como num congresso, são varias salas, só que os participantes são pacientes. E o interesse é pessoal, não profissional. Não existe competição e sim solidariedade. Não existe paquera nem sedução. Ouvimos com atenção a todas as perguntas. Muitas estão dentro de nós há tempos e temos poucas oportunidades para perguntar. Nossos médicos estão sempre muito ocupados. Somos todas apenas mais um pescoço em suas mãos. As queixas são comuns pós iodo: boca seca, gosto metálico na boca, falta de paladar, enjôo, as vezes diarréia, outras prisão de ventre, fraqueza, menopausa precoce, infertilidade. Muitas não sabem se é a idade ou se foi o iodo. Talvez os dois. Outro sintoma comum é o entupimento do canal lacrimal. Somos varias chorando sem querer. Sem conter. Somente com um olho. O colírio não funciona sempre. Somente operando. Poucas se arriscam. As mais jovens são as mais cansadas. Tem até uma miss. A miss New Jersey 2009, 25 anos, também tem uma cicatriz no pescoço e muitas duvidas, alem de muito medo. Os homens parecem os mais conformados. Ou são quietos por natureza. Não se queixam. Ouvem. Balançam a cabeça e esperam pacientemente sua vez de falar. Ninguém tem pressa. Chove muito lá fora. Diz a meteorologia que vai nevar, em pleno outubro. Ninguém parece se preocupar com isso, nem se arrisca a visitar a cidade mais próxima. Não tem clima. Diferente dos outros congressos, ninguém esta ali para fazer shopping ou turismo. Nem para ver e ser visto. Muito menos para paquerar ou seduzir. Somos todos muito egoístas. Estamos ali pq queremos e merecemos viver. Temos esse direito. Esse final de semana é nosso. Deixamos filhos, maridos, trabalho e diversão para ouvir e perguntar. Os folhetos desaparecem rapidamente da mesa de exposição. A noite, o restaurante fica vazio. Será cedo ainda ? A academia também. Quase às moscas. Assim como o salão de beleza. Mas tem fila para fazer reiki. Grupos de 5 enfileirados a espera do chamado do Master. 15 minutos depois saem felizes, quase que hipnotizados. Dessa, os homens ficam de fora. No encerramento, depois da confraternização, o convite para o próximo ano em Dallas. Todos esperam se encontrar lá. É mais do que um convite. É quase um compromisso, uma obrigação com a gente mesmo. Com nosso sistema de defesa. Bem mais que isso. Dallas, para nós, significa esperança.
Carmem Maia, Boston, 09 – Thyca Conference.

domingo, 11 de outubro de 2009

Dose diária

Há dois anos que, literalmente, não vivo sem minha dose diária. Atualmente são 150mg. Já foram 100, 125 e 137. 150 é meu limite ideal, parece. Meu sangue diz o quanto preciso. A cada 3 meses os exames detectam a dose. Sou monitorada. Controlada artificialmente. A dose equivale, não substitui, às funções metabólicas produzidas pela glandula tireoidiana. É ela que regula meu sono, minha energia, a temperatura do meu corpo e meu metabolismo como um todo. Diz também coisas sobre meu estado de espirito, regula meu humor e diz se estou mais ou menos triste, ou até um pouco mais agitada. A culpa de tudo pode ser da dose. Demora para acertar. Se está além, o coração pode acelerar repentinamente. Uma leve taquicardia. Uma simples dose errada e a vida muda. Falta energia para realizar as atividades diárias. O pensamento fica mais lento, as reações idem. A calça, antes sempre folgada, passa a ficar apertada. Sem ao menos você ter abusado de nada. De um simples pecado. Ou ao contrário. Você se percebe irritada, agitada, os pensamentos voam. Você perde a paz. Inclusive a de espírito. E começa a perder peso. Dessa parte, por incrível que pareça, tem gente que gosta. E até pede para aumentar a dose. Só um pouquinho. Incrível pensar que tem gente que não precisa de nenhuma dose extra, mas se droga apenas para acelerar o metabolismo. Apenas para que funcione mais rápido e queime mais rapidamente qualquer excesso. Não é nem uma questão de disposição. É vaidade mesmo. É coisa de quem não sabe, sequer imagina, que tem gente que depende de uma dose diária. Que, simplesmente, não vive sem. É por isso que dou muito valor a minha dose diária. Por essa razão, acordo meia hora mais cedo e presto, diariamente, essa homenagem a vida. A essa dose que me mantém viva. Esperta. Desperta. Que me diz que o dia começa e me espera. Faz questão de me mostrar o quanto sou mortal e que preciso de uma pequena ajuda para seguir adiante. Minha dose diária não me deixa esquecer o passado e me deixa atenta para o futuro. Também não me deixa esquecer quem sou, o que quero. E espero.
Carmem, atuais 150mg todo santo dia. Feriado das crianças. Chuva na Bahia

domingo, 12 de julho de 2009

Sucção

Suguei com toda minha força. Aspirei com fé e vontade. Toda energia estava voltada para aquele momento. O gosto era de esperança. Não deixei escapar uma gota sequer. Não quero ter deixado. É minha vida que estava ali. Naquele recipiente cercado de cuidados. Minha cura estava ali. Minha saída, minha saúde. Fiz com vontade e sede de vida. Depois, o silencio impingido. O confinamento, isolamento necessário que me faz parar e pensar. Escutar meu próprio corpo. Preciso desse silencio todo dia. Dessa atenção a mim, a meu ser, a meu corpo. Não posso, nunca, me esquecer desse silencio, esse que me faz escutar e que me dá tempo de ouvir. De me ouvir. É disso que preciso. É essa nova chance que estou tendo para mudar. Para fazer diferente. Para fazer o que nunca tive coragem e sempre quis. É sucção de vida que preciso e quero.

Veneno que cura

O Iodo não tem gosto. É insosso. Não fede nem cheira. Não tem cor nem brilho. Vem lacrado. Cercado de cuidados. Tem de ser encomendado, agendado. Parece inofensivo, mas é cruel. Cruel com as possíveis sobras de tecido tireoidiano que, por ventura, teimam em permanecer. Cruel também com o nosso organismo, principalmente com as glândulas salivares, o intestino e o aparelho reprodutor. Os hormônios ficam alterados. Não se sabe por quanto tempo depois do iodo. O intestino fica preso, retendo radiação. Mas, isso não é nada comparado às taxas de sobrevida e estatísticas de cura. O Iodo cura. É a saída, a solução. Não existe ponto de discórdia nem outra alternativa. É o que deve ser feito. O tratamento não é nada se comparado aos outros. Dos males, o menor, dizem os médicos. Se eu pudesse escolher um para ter, escolheria o de tireóide. O que tem maiores chances de cura, menor taxa de mortalidade, menor chance de metástase e, cujo tratamento, é o menos traumático. E é. Não dá pra negar. É claro que amedronta, angustia e deprime. É claro que, diariamente, você se pergunta o por que foi acontecer com você. Justo você que sempre foi tão independente, tão auto-suficiente, tão imortal. Justo você que se cuidava tanto, que se alimentava tão bem, que era tão naturalista. Justo você. Pois é, acontece do jeito que a gente menos espera, e, justo com a gente. Não existem respostas para as inúmeras perguntas sobre o por que. Não tem um por que. Não é como o câncer de pulmão que todos conhecem a razão e o próprio doente sabe o quanto é responsável pela doença. Não é como o de mama que é amplamente divulgado, conhecido e que existe até campanha de esclarecimento e camiseta de apoio. O de tireóide, órgão em formato de borboleta, é silencioso. Lento. Muitas vezes imperceptível. Assintomático. Não tem uma causa especifica. Não foi nada do que fez ou deixou de fazer. Nada do que comeu ou bebeu. Nada que tenha exagerado na juventude. Nada que tenha suprimido da alimentação. Pode ser genético, mas não hereditário. Não existe culpa. Nada. A procura por respostas só gera mais perguntas. Paciente impaciente que quer entender a razão. O sentido. É mais freqüente nas mulheres, em geral ainda jovens. Entre 25 e 45 anos. É indolor. Não emite sinais, nem sintomas. As vezes, nem o clinico percebe. Indetectável pelo exame de sangue. Todos normais. Somente o ultrassom e a punção dizem a verdade. O diagnóstico é certeiro e assustador. Principalmente para quem se acha imortal, para quem ainda é jovem, para quem dizem que ainda é cedo, que dá pra esperar, que tem a vida toda pela frente. Para quem ainda precisa de mais tempo. Para quem ainda quer fazer algo de bom e notável pelo mundo. Para quem ainda quer casar e ter filhos. Para quem ainda quer estar do lado dos filhos quando os netos chegarem. Nunca é a hora. É sempre cedo para ir embora. E, na hora da sucção, é preciso puxar fundo. Com fé e esperança. Os fantasmas estão ali, a espreita. Sempre por perto. É na iodoterapia que eles teimam em aparecer. Fortes, verdadeiros, enormes, assustadores. Vem e vão. Justo ali quando se está ainda mais vulnerável. O dormonid ajuda, relaxa, mas não os extermina. De manhã eles voltam. O Iodo é indolor, incolor e insosso. Ao mesmo tempo é radioativo, poderoso, contagiante. Exige paz do paciente e dos que o cercam. Exige respeito, amor e consideração. Exige paciência. O isolamento é preciso, providencial. É o tempo certo para parar, pensar, esquecer e lembrar. Não é preciso ter medo, o Iodo cura e, nessa hora, é só isso que interessa.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Tem dias

Tem dias que não da vontade de fazer nada.
Tem dias que não dá pra levantar da cama.
Tem dias que tenho sono e frio.
Tem dias que tenho fome. Quero tudo.
Tem dias que meu estomago dói só de pensar em comer.
Tem dias que como muito. Outros dias não.
Tem dias que corro muito. Tem dias que não.
Tem dias que escrevo muito. Outros que só leio. E contemplo.
Tem dias que sonho muito e durmo pouco.
Tem dias que sim. Tem dias que não.
Tem dias que saio e vou ao cinema de tarde.
Tem dias que espero o dia passar.
Tem dias que canso de esperar. Tem dias que ando. Outros que paro.
Tem dias que agüento a vida passar. Outros não.
Tem dias que compreendo. Outros me faltam a razão.
Tem dias que digo que sim. Tem dias que digo não.
Tem dias que cozinho. Tem dias que me falta o apetite.
Tem dias que entendo. Tem dias que não.
Tem dias que me escondo.
Tem dias que esqueço. Mas em geral, não.
Tem dias que esmoreço. Outros me repreendo.
Tem dias que sim, que sim e tem dias que não.
Tem dias que voam. Tem dias que não
Tem dias que vem e vão.
Tem dias que acordo com vontade de correr, nadar e pular.
Tem dias que não quero acordar.
Tem dias que vc me falta. Tem dias que nada me falta.
Tem dias que sinto. Outros que não.
Tem dias que sofro. Mas, digo que não.